Essa já chegou pronta na minha mão, fazia parte de um lote de canetas. Algo como uma limpeza de fundo de gaveta. O vendedor aparentemente não sabia o que fazer com ela e mandou junto...
Diversos detalhes, intrigavam na caneta. A começar pela marca e sua procedência... A Koh-I-Noor, é uma empresa antiquíssima e altamente conceituada. Iniciou suas atividades na Áustria no século XIX, mas rapidamente mudou-se para a Czechoslovakia, pois havia inventado a MASSA DE GRAFITE (grafite + óleo + argila), que tornou possível a fabricação de lápis e a Czechoslovakia tinha grandes jazidas de grafite em estado natural. Apesar disso, a caneta em questão, tinha a palavra GERMANY gravada em sua tampa...
Outro ponto curioso... A palavra Rapidograph, é o modelo de uma CANETA TÉCNICA fabricada da Alemanha pela empresa Rotring (atualmente pertence ao mesmo grupo dono da Parker e da Waterman). A palavra Rapidograph tornou-se tão importante, que virou sinônimo de caneta técnica.
Primeiramente, vamos falar de canetas técnicas. Em desenho técnico, utilizava-se tinta NANQUIM traçada com penas do tipo pinça (também conhecidas como "tira-linhas"), que tinham pouca autonomia e eram muito difíceis de regular traço. As canetas técnicas, traziam como novidade, uma pena cilíndrica, fina como uma agulha e com uma válvula interna de controle de fluxo. Com isso, podiam traçar uma linha de largura EXATA sem encharcar. A dificuldade maior, estava na precisão. Já imaginaram um tubo fino o suficiente para traçar linhas de 0.3 mm com um furo dentro e uma válvula passando por dentro desse furo???
Mas a caneta que eu adquiri, não era uma caneta técnica e sim uma caneta tinteiro, com pena convencional aberta, para escrever com tinta de caneta e não com nanquim...
Observando a caneta com uma lupa, vi escritos na pena os seguintes dizeres: "ROVER OSMIO"... Aí piorou de vez. Depois de muito pesquisar, acabei encontrando uma referência a uma marca ITALIANA de penas...
Procurando por RAPIDOGRAPH, acabei encontrando as seguintes imagens (observem na segunda foto, o formato da pena técnica):
Mas eram imagens de uma caneta Rotring ABSOLUTAMENTE IDÊNTICA à minha Koh-I-Noor... Essa charada, não foi fácil de matar. Durante alguns anos, as empresas Koh-I-Noor e Rotring, tiveram uma parceria, pela qual emprestavam suas marcas entre si conforme os mercados para os quais exportassem. Em países onde uma marca tinha mais renome que a outra, todos os produtos eram exportados com a marca mais famosa.
Primeira conclusão: Minha caneta, era de projeto Rotring e fabricada na Alemanha
Segunda conclusão: Como não havia nenhuma referência a uma caneta Rapidograph tinteiro, minha caneta provavelmente havia sido ADAPTADA pela adição de uma pena estrangeira...
Veja agora, imagens da minha caneta, como chegou às minhas mãos:
Observe na segunda foto, a tampa traseira removida mostrando o sistema de abastecimento, um "piston filler" com o manípulo de acionamento interno.
A caneta estava limpa, mas tratava-se sem sombra de dúvidas, de uma caneta usada. Nessas circunstâncias, sempre desmonto a caneta para uma limpeza mais cuidadosa. As canetas técnicas, precisam sem sempre cuidadosamente limpas após o uso, pois a tinta nanquim depois de seca, entope totalmente os canais de passagem inutilizando a caneta. Por essa razão, canetas técnicas são projetadas para serem desmontadas manualmente sem dificuldades e usando apenas as mãos. Nenhuma ferramenta adicional costuma ser necessária.
Continua...
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