quinta-feira, 15 de março de 2012

Parker 51 MkIII Flighter CT

Não pretendo escrever mais um texto falando sobre a Parker 51. Muita gente já fez isso mais e melhor. Apenas, pretendo tentar resgatar a história de uma Parker 51 muito especial.


Mk III... Abreviação de Mark III. É prática comum nas indústrias britânica e estadunidense, distinguir modelos com aperfeiçoamentos com marcação serializada. Mk I, Mk II, Mk III...


De maneira geral, a Parker 51 nasceu com um sistema de abastecimento por diafragma. Eram as Parker 51 Vacumatic. A fragilidade do sistema culminou com o lançamento da segunda geração, a Parker 51 Aerometric, com abastecimento através do famoso sistema de saco de tinta em borracha pressionada por mola laminar.


A primeira Parker 51 Aerometric, ficou conhecida como "6 times", pois na instrução impressa no tubo de proteção do "ink sac", determinava-se que era necessário pressionar seis vezes para abastecer. O tubo protetor, era CROMADO, o que tendia a "descascamento" em pouco tempo.


Como aperfeiçoamento, a Parker substituiu o tubo por um novo em AÇO INOXIDÁVEL. Esse modelo, que provavelmente foi o maior responsável pelas vendas da Parker 51, ficou conhecido como Mk I. Também conhecida com "4 times" (um novo alimentador permitia o abastecimento com apenas quatro pressionamentos). Observe ainda, que o tubo protetor, era fechado na extremidade posterior por uma tampa de plástico preto.


Parker 51 Mk I

A Mk I, foi provavelmente a 51 mais vendida de todos os tempos, pois sua produção foi de 1950 até 1969, quando a Parker lançou a Parker 51 Mk II. A Mk II, veio como sinal dos tempos. Vinte anos em produção, começavam a apontar problemas para a Parker 51. Algumas pessoas, pediam por novidades. A Parker então presenteou o mercado com várias novidades, algumas visíveis outras não.

Parker 51 Mk II

Olhando para a imagem da caneta aberta, de cara já podemos ver a primeira mudança. O tubo de proteção do "ink sac" não tem mais a tampa final em plástico. Passou a ser estampado numa única peça em aço inoxidável. Para muitos, um "empobrecimento", mas na prática, tornou-se uma peça melhor e com um adereço a menos que pudesse se perder. Mas muitas inovações vieram junto com a Mk II. A principal, foi o polímero utilizado. A Parker 51 entre muitas inovações, havia revolucionado utilizando o acrílico (Polimetilmetacrilato) pela primeira vez em canetas. Na Mk II, o material foi substituído por um polímero que havia se popularizado por ser mais resistente, o ABS (Acrilonitrila-Butadieno-Estireno).

O anel existente entre a "nib section" e o corpo, que na Mk I servia para travar na mola interna da tampa, perdeu essa função. Na Mk II, a tampa "ancora-se" na própria "nib section" por atrito. Internamente, a Mk II tem ainda uma mudança que barateou custos industriais. O famoso coletor, uma peça cônica aletada responsável por coletar o excesso de tinta no abastecimento, era até a Mk I, feito por torneamento, uma operação cara e de alta precisão. Na Mk II, o coletor passou a ser feito por injeção. Essa alteração, NÃO MUDOU a eficiência da peça.

Mas a principal diferença da Mk II, foi externa. Desde o início, o corpo das Parker 51 terminava curvo, a famosa "forma de charuto". Na Mk II, o corpo foi reestilizado e passou a terminar mais "quadrado". Muita gente odiou a nova forma... O compromisso com as velhas formas, continuou por conta do clipe e da jóia. Continuava um clipe no estilo 51, integrado ao anel que funcionava como base da jóia.

Parker 51 Mk II

Bem... todo o texto acima, serve como introdução para a caneta que é o tema do post. Mesmo as evoluções da Parker 51 Mk II, precisaram ser revistas mais uma vez, pois a década de 70 chegou e com ela dificuldades ainda maiores para manter a velha Parker 51 de pé. Além da enorme concorrência de designs mais modernos de canetas tinteiro, as esferográficas vieram pra ficar. Era necessário concorrer não só contra outras tinteiros, mas também com as esferográficas.

A Parker havia lançado ainda na década de 50 a sucessora da Parker 51, ou seja, a Parker 61, que apesar de ser uma excelente caneta, nunca conseguiu atingir o sucesso da 51. Nesse cenário, o convívio entre os dois modelos, ficava cada vez mais sem sentido. O auge dessa dificuldade, surgiu com a Parker 51 Mk III em 1969. A Mk III, trazia mais algumas novidades que a diferenciavam da Mk II e a tornavam ainda mais parecida com a Parker 61.

A principal mudança, foi a introdução de um novo clipe, não mais integrado à base da jóia e com um design mais moderno e estilizado. A própria jóia, passou a ser totalmente metálica e achatada em seu topo. Não havia mais o insert que imitava madrepérola, exigência de novas legislações que visavam evitar a existência de pequenas peças que pudessem ser engolidas por crianças.

A Parker 51 Mk III, foi fabricada em várias unidades industriais da Parker, inclusive aqui no Brasil. A seguir, fotos de uma Parker 51 Mk III Flighter CT (modelo em aço inoxidável com acabametnos cromados) da minha coleção. Trata-se de um modelo fabricado no Brasil.

Parker 51 Mk III Flighter CT (tampada)

Parker 51 Mk III Flighter CT (posted)

Como se pode perceber, com o modelo Mk III, a Parker 51 afastou-se ao máximo do design original e aproximou-se totalmente da Parker 61. Diferenciá-las tampadas, era praticamente impossível. Havia chegado a hora da veterana notável retirar-se do cenário. Em 1975, a Parker no Brasil, encerrou a produção da caneta Parker 51.

10 comentários:

  1. Boa tarde.
    Tenho visto em alguns sitios sobre canetas tinteiro que o uso de outras tintas que não sejam Parker Quink ou Sheaffer Skrip causam danos aos sistemas de enchimento do tipo snorkel ou touchdown. O sr concorda com isso?

    ResponderExcluir
  2. Discordo completamente... Tanto a snorkel quanto a touchdown, são na verdade canetas com INK SAC (o saco de borracha). Diferem de outras ink sac apenas pelo sistema como ele é pressionado.

    Muita gente acredita que determinadas tintas são agressivas para a borracha do ink sac. Já ouvi vários relatos, mas em geral, tintas laváveis não danificam o ink sac. Outra tinta de excelente qualidade que não causa nenhum problema, é a Pilot.

    ResponderExcluir
  3. Em algumas canetas com a pena embutida depois de 3 ou 4 enchimentos há escape de tinta pela seção. Seria defeito no coletor? Como poderia resolver o problema?
    Um grande abraço!!

    ResponderExcluir
  4. Eduardo, muito proveitoso seus comentários. Agradeço muito essas informações. Agora, gostaria de dar uma sugestão para um novo artigo. Ensine como desmontar, com detalhes, uma caneta parker, 21 e 51, com seus macetes e as ferramentas.

    ResponderExcluir
  5. Olá amigo!! Vc poderia me indicar onde eu posso comprar ink sac para esterbrook e sheaffer snorkel? Um grande abraço. Espero que o sr volte a escrever mais artigos logo. Eles são bastante elucidativos e interessantes.

    ResponderExcluir
  6. Bom dia Eduardo. Vi seu post e vim procurar um pequeno auxílio. Fiz, com um pouco de pesquisa, a identificação de duas canetas que vieram a meu encontro, uma parker 51 e uma 61. Não sei se as fiz de maneira correta, então postei no fórum Relógios mecânicos onde encontrei um grande post, inclusive com sua participação. Poderia dizer se o fiz de maneira correta? As canetas, assim como a postagem estão aqui: http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=1852.msg175871#msg175871

    ResponderExcluir
  7. Identificou corretamente, Erivelton!!! Para limpar folheados a ouro sem NENHUM risco de danificá-lo, use AZEITE DE OLIVA... Pegue um pedaço de papel absorvente (guardanapo, papel higiênico, papel toalha etc.) e pingue duas ou três gotas de azeite. Friccione as peças. Observe a cor que ficou o papel...

    ResponderExcluir
  8. Eduardo, agradecido pela dica do azeite, desconhecia completamente essa propriedade do produto. Eu tinha ficado muito em dúvida quanto a correta identificação da 51, dado as peculiaridades do modelo que chegou em minhas mãos. Só lamento o fato de ambas estarem com nomes gravados, mas como serão para meu uso, e não para venda, tento me conformar com o fato :-)

    ResponderExcluir
  9. Aproveitando Eduardo, conversei hoje com o Josias (indicação sua naquele post) a respeito da gravação na 51. Sempre muito educado, ele pediu para que eu levasse a caneta para analisa-la, pois dependendo da gravação seria possível remove-la e ainda assim manter o aspecto de originalidade da mesma. Como moro relativamente próximo, vou eu mesmo visita-lo.

    ResponderExcluir

Seguidores