terça-feira, 28 de junho de 2011

Abastecimento - Êmbolos

Por mais práticos e seguros que fossem os sacos de borracha, sempre houve muita crítica em relação à capacidade do sistema. Os ink sacs não podiam crescer indefinidamente, pois quanto maior fosse o volume, menor era a eficiência. Na prática, ink sacs com mais de 6 mm de diâmetro, são praticamente impossíveis de serem completamente cheios, pois o peso da tinta tentando descer, provoca diminuição da pressão interna no ar que sobra lá dentro.


Uma alternativa foi então proposta, para solucionar esse problema pelo húngaro Theodor Kovacs em 1925. Kovacs propôs uma caneta onde o próprio corpo era o reservatório. Em seu interior, há um êmbolo que é completamente baixado (em direção à pena) zerando o espaço do reservatório. Ao ser puxado para cima, o êmbolo succiona a tinta para dentro do reservatório. Idéia semelhante ao uma seringa de injeção, mas o êmbolo não é movido por ação direta e sim através de um engenhoso sistema de parafuso.


Uma Faber Estudante Demonstrator (brasileira) da década de 60




Para entender o funcionamento, vamos definir o conceito de PASSO DE ROSCA. O passo de um parafuso, corresponde ao deslocamento linear dele a cada volta completa. Se um parafuso avança 2 mm a cada volta, dizemos que tem um passo de 2 mm.


O sistema idealizado por Kovacs, trabalha com duas roscas de passos bem diferentes. A rosca do manípulo (a extremidade do corpo que é desrosqueada pelo usuário), tem um passo bem curto. Após duas ou três voltas, abre no máximo 4 mm. Dentro da caneta, a haste do êmbolo, tem uma rosca com passo bem mais largo, que avança duas a três vezes mais que a rosca do manípulo. Desrosqueando-se um pouco o manípulo, o êmbolo desce até o final de seu curso.


Nesse momento, a pena da caneta é mergulhada na tinta. Ao rosquear novamente o manípulo, o êmbolo sobe succionando a tinta. Na foto acima, da Faber Estudante, é possível visualizar ambas as roscas. Observe a fina rosca do manípulo e a larga rosca do êmbolo.


Kovacs entretanto, não chegou a fabricar canetas. Quem viabilizou sua idéia, foi a empresa alemã Pelikan, que tornou o "piston filler" um dos sistemas mais conceituados do mundo. Outra empresa alemã, a Montblanc, também se tornou notória pelo uso do sistema.


Vantagens e Desvantagens


Os entusiastas do sistema, cantam a plenos pulmões a maior capacidade de tinta que as piston fillers possuem em relação aos sistemas de ink sac. Na prática, essa capacidade superior, exibe controvérsias. Observe na foto acima, que o êmbolo está na posição totalmente recuada, ou seja, o reservatório está totalmente cheio. Nessa posição, percebemos que há uma ENORME perda de espaço que é tomado pelo mecanismo do êmbolo.


Considerando reservatórios cilíndricos, quando se DOBRA a altura de um cilindro, dobra-se sua capacidade. Se ao invés de dobrarmos a altura, o diâmetro for dobrado, a capacidade se QUADRUPLICA. Até aí, tudo bem... Entretanto, das canetas mais finas até as mais grossas, o diâmetro não chega a dobrar. Canetas piston filler de corpo fino, tendem a ter MENOR CAPACIDADE em relação a canetas com reservatório de borracha. A virtude do aumento portanto, não está no sistema e sim nas dimensões.


A maior desvantagem das piston fillers, está na maior fragilidade. Se o corpo se trinca, os vazamentos inviabilizam o uso da caneta, algo que não ocorre nas canetas com reservatório de borracha.


Variações


Duas variantes do sistema são notórias. Uma delas, é adotada pela empresa paquistanesa Dollar Pens. Nas canetas Dollar, a extremidade da caneta não é o manípulo de acionamento do êmbolo e sim apenas uma capa. Removendo essa capa, o manípulo está disponível internamente.


Uma Dollar Student Pen (Paquistão)


A segunda variante da idéia, é o sistema de êmbolo de acionamento giratório que se tornou popular nos países da "cortina de ferro". O sistema, foi criado pela empresa checa Centropen. Consiste de uma bomba que funciona da mesma maneira, mas ela fica do lado de dentro da caneta. Ao remover-se o corpo, há acesso ao sistema interno.


Uma Centropen 3770 (Czechoslovakia)


A maioria das piston filler, tem ainda mais uma característica interessante. Na porção inferior do corpo, próximo ao ponto onde a tampa se encaixa, costuma ser instalada uma janela em polímero transparente, que permite visualizar se há tinta na caneta e também a extremidade do êmbolo quando ele é totalmente baixado.

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