Nesse cenário, uma velha idéia ainda não experimentada, voltou à tona. Os cartuchos!!! Pequenos tubos lacrados contendo tinta, que ao serem encaixados nas canetas, rompiam o lacre permitindo que seu conteúdo fluísse para o alimentador e a pena. Simples, prático e limpo.
A primeira marca a apostar tudo nos cartuchos, foi a japonesa Platinum. Vários fabricantes pelo mundo a fora aderiram à idéia. Nos EUA, Sheaffer, Parker e Esterbrook acabaram por embarcar na "nova onda". A Parker, foi a última, pois não via a idéia com bons olhos. Seu primeiro lançamento, foi a Parker 45, um projeto nascido na empresa Eversharp que acabara de ser encampada. O próprio número/modelo, foi inspirado nas pistolas Colt 45, que eram municiadas semi-automaticamente por cartuchos.
No início da década de 60, a Parker lançou a legendária Parker 51 em versão a cartucho, rechaçada pelo fiel público. A "Cartridge 51", não completou três anos no mercado.
Medidas
O que nasceu para simplificar a vida do consumidor, acabou por criar um novo problema. Como cada empresa criou seus próprios cartuchos, não se demorou a perceber, que cada marca seguiu um rumo. Um cartucho, é dimensionado basicamente por duas medidas, o diâmetro do canal de alimentação e o comprimento. Um cartucho Parker, tem canal de 1/8" (um oitavo de polegada). A Sheaffer, criou cartuchos de 3/32". A Esterbrook, criou cartuchos de 3/16", mas fornecia seus cartuchos com adaptadores que permitiam o uso em canetas Sheaffer e Parker.
No Japão, a padronização não vingou. Pilot seguiu um rumo e Platinum outro. Medidas totalmente diversas.
Na Europa, o panorama foi diferente. O padrão adotado pela quase totalidade dos fabricantes, foi o canal de 3 mm de diâmetro, que ficou conhecido como MEDIDA INTERNACIONAL. Atualmente, é internacional mesmo, pois também foi adotada pelos fabricantes chineses.
Reabastecendo
Cartuchos, apesar da praticidade, têm uma péssima relação custo/benefício. No preço de um cartucho, apenas 20% é valor de tinta, o restante é o preço do material do cartucho e do processo industrial. É um preço alto a se pagar pelo conforto. Muitos usuários, reabastecem o cartucho utilizando uma seringa de injeção e tinta de tinteiro. É o que se chama de GAMBIARRA, mas barateia o processo. Outra boa justificativa para o reabastecimento, é que algumas marcas de canetas e cartuchos, não são mais fabricados, restando o reabastecimento como única alternativa
Conversores
Alguns usuários, nunca aceitaram a idéia de usar cartuchos. Mas num momento onde a Parker 45 era uma novidade bastante cobiçada, mesmo quem não aceitava os cartuchos, não queria ficar de fora. Os fabricantes tiveram então a idéia de criar os CONVERSORES, que são bombas que podem ser adaptadas às canetas encaixando-se da mesma forma que os cartuchos. Os primeiros conversores, eram tubos dotados de ink sacs. O padrão quase universal para conversores nos dias de hoje, é o sistema de êmbolo de acionamento giratório.
Uma caneta com o cartucho instalado e o respectivo conversor
Com essa quase-padronização, qualquer caneta a cartucho hoje, tem conversores como opção, e talvez a maioria já seja fornecida com o conversor. É comum, as publicações atuais se referirem às canetas de cartucho, como canetas C/C (Cartucho/Conversor).
Adaptando
Algumas canetas, nunca tiveram conversores disponíveis em sua medida, apenas cartuchos. Outras, utilizam conversores que não são mais fabricados. Outras ainda, utilizam conversores de difícil obtenção. Abaixo, duas adaptações que fiz, a primeira é uma Faber 66 (brasileira), que utilizava cartuchos. Hoje, nem a caneta nem os cartuchos são mais fabricados. A segunda caneta, é uma Platinum PE-500, que utiliza uma medida proprietária, de difícil obtenção no Brasil. Ambas estão hoje equipadas com conversor Sheaffer, adaptado para suas medidas. Funcionam com perfeição...
Faber 66 (brasileira) com conversor Sheaffer adaptado
Platinum PE-500 (Japão) com conversor Sheaffer adaptado