Esse reservatório de tinta, chamado pelos estadunidenses de "ink sac", era duplamente conveniente. Poderia ser usado como a própria bomba de abastecimento e ao mesmo tempo ser suficientemente seguro, pois em caso de queda, um reservatório de borracha tem chance zero de se romper.
Mesmo que o reservatório ficasse protegido dentro do corpo da caneta, ainda era necessário protegê-lo de acionamentos involuntários. Usuários, muitas vezes por mera curiosidade, abrem o corpo da caneta e uma pressão mínima que seja sobre o reservatório de borracha, provoca sujeiras.
Nos primórdios, alguns fabricantes bolaram estratégias incríveis para o acionamento do ink sac. Uma das mais bizarras, era manter uma fenda no corpo da caneta que dava acesso direto ao interior, pressionando com uma MOEDA... Felizmente, os fabricantes se esforçaram por desenvolver soluções mais eficientes e técnicas. Vamos a elas:
1. Button Filler: Sistema desenvolvido pela Parker, consiste de um par de lâminas paralelas ao ink sac dentro do corpo da caneta. Uma das lâminas, fica encostada no corpo por dentro. A outra lâmina, tem uma ponta presa na primeira lâmina e a outra ponta conectada a um botão que fica do lado de fora do corpo, protegido por uma pequena tampa que é retirada na hora do abastecimento. Pressionando o botão, a segunda lãmina é empurrada pra dentro. Como não pode avançar longitudinalmente, ela "embarriga", pressionando o ink sac. Esse fenômeno de "embarrigamento" de uma lâmina pressionada longitudinalmente, é chamado em Física de FLAMBAGEM. Embora seja um sistema bastante confiável, caiu em desuso.
Uma Long Life (China) button filler
Uma Esterbrook SJ
3. Barra Direta: Sistema consagrado pela Parker 51, a mais famosa de todas as canetas tinteiro. O sistema de barra direta, consiste de uma mola laminar que ao ser pressionada com os dedos, comprime diretamente o ink sac. Um dos sistemas de abastecimento mais confiáveis existente. O funcionamento é totalmente intuitivo. A Parker, adotou uma borracha à base de PVC em seus ink sacs, que não raramente, chegam a durar mais de 50 anos...
Uma Parker 21 Super
4. Twist filler: Literalmente um sistema de torção. Através de um botão externo, o ink sac ao invés de ser comprimido, era torcido, o que causava expulsão de ar de seu interior.
Uma Esterbrook J "twist filler" (foto: esterbrook.net)
5. Pneumáticas: A Sheaffer, sempre foi muito criativa quando se trata de inventar novos e revolucionários sistemas. Procurando aperfeiçoar os sistemas ink sac, a Sheaffer atacou o principal ponto falho. Qualquer sistema do gênero, apresenta desgaste da superfície do ink sac, pois sempre há contato de alguma peça metálica contra o ink sac. A idéia da Sheaffer, era comprimir o ink sac sem contato manual... Como? Simples...
A caneta é provida de um êmbolo oco, que envolve a câmara onde está o ink sac. A extremidade traseira do corpo, ao ser desrosqueada e puxada, expõe o êmbolo que deve ser completamente puxado até parar. A pena é então mergulhada na tinta e o êmbolo deve ser empurrado novamente até o final e novamente rosqueado. Esse movimento, aumenta a pressão dentro da câmara do ink sac que se comprime. Cessada a pressão, o ink sac começa a se expandir succionando a tinta.
Anúncio de uma Sheaffer Touchdown mostrando a caneta pronta para o abastecimento.
Dois sistemas foram desenvolvidos pela Sheaffer, o mais simples, denominado Touchdown e um sistema um pouco mais complexo, denominado Snorkel. Quando se desrosqueia o manípulo traseiro nas Snorkel, além do êmbolo ser liberado, o snorkel é ejetado abaixo e além da pena. Para abastecer, utiliza-se um procedimento semelhante ao Touchdown, diferindo apenas no fato de que só o snorkel precisa ser mergulhado na tinta. A pena permanece seca e limpa.
Anúncio da Sheaffer mostrando um snorkel em posição de abastecimento.
A principal vantagem desses sitemas pneumáticos, é o aumento de durabilidade do ink sac, que não tem nenhum contato de nenhuma parte cortante ou abrasiva. A principal desvantagem, é a maior complexidade e a existência de anéis de vedação que ao perderem a eficiência, diminuem a capacidade do sistema até que o bombeamento não ocorra mais.
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