quarta-feira, 29 de junho de 2011

Abastecimento - Vácuo

Por definição, vácuo é falta absoluta. Mais usado para se definir falta de ar num recipiente/local. O vácuo absoluto, não é encontrado nem no espaço sideral, mas para efeitos práticos, sempre que se retira ar de um recipiente, produz-se vácuo.

Se retiramos ar de um recipiente e a seguir ligamos esse recipiente a um frasco de líquido através de um tubo, a pressão dentro do recipiente é menor que a pressão atmosférica. Para igualar, a atmosfera empurra o líquido do reservatório para dentro do recipiente até que a pressão interna do recipiente esteja igual à pressão atmosférica.

Se o frasco de líquido é o tinteiro e o recipiente é o reservatório da caneta, acabamos de criar uma caneta com abastecimento a vácuo, ou "vacuum filler" ou ainda "vac fil".

Vários sistemas desse tipo, foram concebidos, fabricados ou mesmo testados, mas dois em particular, merecem atenção.

1. Parker Vacumatic: Sistema concebido para a caneta Parker Vacumatic na década de 30 e usado também em alguns modelos da Parker Duofold e mais tarde nos primeiros modelos da Parker 51. O sistema Vacumatic, consiste de um diafragma acionado por botão. Esse botão, da mesma forma das antigas button filler, também é localizado no final do corpo e protegido por uma "tampa cega". Diferentemente do button filler, o botão aqui não comprime mecanicamente um ink sac e sim aciona um diafragma, que expulsa o ar do interior da caneta. O botão, por efeito de mola retorna à posição de repouso, trazendo o diafragma. Nesse momento, a pressão interna do reservatório da caneta diminui, criando vácuo. A pressão atmosférica faz o restante do trabalho, empurrando a tinta do tinteiro para dentro do reservatório. Há ainda, um tubo de respiro, que permite igualar a pressão interna e externa ao final da manobra. O truque está em expulsar o ar rapidamente, mas permitir que a tinta entre mais rápido que o ar na sucção.


Uma Parker 51 Vacumatic Demonstrator - foto: parkercollector.com

2. Sheaffer Vac Fil: Concebido pela Sheaffer e utilizado por outros fabricantes também, é um sistema bastante engenhoso. Há um êmbolo dentro da caneta, acoplado a uma longa haste. Desrosqueado a extremidade posterior do corpo, puxa-se essa haste totalmente. Como há um anel de vedação na passagem da haste para o exterior, o ar contido atrás do êmbolo, é obrigado a passar pelas laterais do êmbolo, o que é possível, pois o corpo do êmbolo além de elástico, é também ligeiramente cônico (maior diâmetro na parte de baixo). Nesse momento, a caneta deve ter sua pena mergulhada na tinta. O próximo movimento, é empurrar totalmente o êmbolo e aguardar o abastecimento... Mágica? Quase... Ao empurrar o êmbolo para baixo, produz-se váculo atrás dele, pois o local que continha pouco ar, expande-se em volume. Quando o êmbolo está próximo ao ponto inferior, ele passa por uma região do reservatório, onde o diâmetro é maior. Nesse momento, a região de baixa pressão atrás do êmbolo, se comunica com a região abaixo através das laterais do êmbolo. A pressão atmosférica, empurra então a tinta que sobe para o reservatório da caneta, passando pelas laterais do êmbolo.


Uma TWSBI Vac Fil - Demonstração de abastecimento


Vantagens e Desvantagens: Os sistemas de sucção a vácuo, são bastante eficientes, ou seja, é possível encher a caneta rapidamente com ocupação quase total do reservatório em um número mínino de acionamentos (no caso das vac fil, apenas um acionamento). A principal desvantagem, está na complexidade e na necessidade de absoluta vedação. A TWSBI do vídeo acima, é uma caneta moderna, que ainda não está a venda. Emprega tecnologias modernas de vedação, que prometem combater o principal problema que as vac fil antigas apresentavam, ou seja, vazamentos no retentor da haste (vedação da passagem da haste pelo corpo). O modelo está em testes há mais de um ano...

Um comentário:

  1. Graças aos novos materias para canetas antigas não temos mais esse vazamento pela parte de trás do pistão, pois antes usavam feltro e finas borrachas para vedação, hoje existe borrachas maiores que substituem o feltro.
    Ricardo Borba

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