Depois de analisar visualmente a pena, vamos abordar os detalhes construtivos. No tempo das penas de mergulho, usou-se vários materiais na sua construção. Penas de ganso endurecidas quimicamente, vidro, metais etc. Nas canetas tinteiro, as penas são feitas de ligas metálicas como regra geral. Uma liga, é uma "mistura" de metais puros que se destina a obter as melhores qualidades de cada um deles, ou ainda a obter novas qualidades que nenhum dos componentes tinha isoladamente.
De maneira geral, a maioria das penas atualmente são fabricadas em aço ou liga de ouro. Há ainda, materiais especiais como titânio, mas não vamos falar muito dos especiais.
Começando de trás pra diante, o ouro sempre foi um metal cobiçadíssimo. Por várias razões. Existem apenas DOIS metais puros na natureza, que têm cor não branca, o ouro e o cobre. Ambos são belíssimos ao serem polidos, mas apenas o ouro mantém sua cor e brilho por longo tempo, pois é pouquíssimo reativo com o oxigênio do ar. Embora o ouro forme óxidos, esse processo é demoradíssimo, levando décadas para acontecer. Tanto ouro quanto cobre, no estado puro, têm uma rigidez baixíssima. São metais bastante moles e isso por si, já os inviabiliza para serem usados em penas. Penas precisam obrigatoriamente ser elásticas e a baixa rigidez do material, o torna plástico.
Mas como o desejo de ter penas de ouro era maior que detalhes físicos do material, apelou-se para as ligas. Quem já comprou jóias, deve ser familiar com expressões como "quilate", "ouro alto", "ouro baixo" etc. Muito bem... Um quilate (abreviação kt), é uma unidade de medida de massa que corresponde a 0.2 g (5 quilates = 1 g). Quando se fala em ouro 24 kt, fala-se do OURO PURO, ou seja, em cada 24 quilates de material, há 24 quilates de ouro puro. Quando se fala em ouro 22 kt, significa que em cada 24 quilates de material, há 22 quilates de ouro puro (22 / 24 = 91.6% de ouro puro na liga). Ouro 18 kt é 18 / 24 = 75% de ouro puro na liga. Assim sucessivamente até o ouro mais baixo disponível comercialmente, que é o ouro 12, que tem apenas 50% de ouro puro na liga.
E qual é(são) o(s) outro(s) componente(s) da liga? Bem... Não há padronização para isso. Diferentes ourives, utilizam diferentes componentes e proporções nas ligas. De qualquer forma, a liga mais comum para penas de ouro, é a liga 14 kt (14 / 24 = 58.3% de ouro puro na liga). Alguns fabricantes, produzem penas em ouro 18 kt e existem casos onde se chega a ouro 22 kt. De qualquer forma, é importante lembrar, que o mais importante numa pena, não é seu valor em função do teor de ouro e sim a ELASTICIDADE, que é determinada pela liga correta.
Mas as penas de ouro, encarecem demais uma caneta e sempre houve a procura por barateamento, pois nem todo mundo queria uma caneta-jóia. Num tempo onde não havia canetas esferográficas, o desafio de baratear uma caneta tinteiro para popularizar seu uso, era bem grande.
Nesse panorama, surgiram as penas de aço inoxidável. Aço, não é exatamente uma liga e sim ferro enriquecido com um teor controlado e exato de carbono. As antigas penas de mergulho em sua maioria eram de aço. Como eram penas que se desgastavam e eram simplesmente descartadas, o principal inconveniente do aço que era a corrosão provocada pela tinta, deixava de ser problema. A ponta da pena se desgastava mais rápido do que o ataque da corrosão.
Como nas canetas tinteiro a pena não era descartável, foi necessário descobrir ligas de aço apropriadas para resistir ao ataque da corrosão. Aço inoxidável, já não era novidade e foi a idéia inicial. Aço, como foi dito, é ferro enriquecido de carbono. Se colocarmos outros elementos na liga (o principal é CROMO) em quantidades corretas, a corrosão é praticamente anulada. O cromo entretanto, endurece demais o aço, tirando dele sua elasticidade inerente. Dessa forma, mais elementos são acrescentados à liga para manter as características de elasticidade e não corrosão. A Parker, desenvolveu na década de 50, uma liga denominada OCTANIUM, que é um aço inoxidável composto de OITO elementos.
O aço inoxidável, foi uma excelente oportunidade para quem queria penas baratas, mas ainda assim não era visualmente agradável para quem gostava de ouro. A solução foi o acabamento denominado "banho de ouro", onde uma fina camada é depositada sobre a superfície da pena por um processo eletroquímico denominado GALVANOPLASTIA. Atualmente, existe mais um tratamento superficial do aço inoxidável, que o deixa "amarelado", é o banho por óxido de titânio, conhecido como "falsa douração", uma excelente opção para quem quer uma pena "amarela", uma péssima opção para quem gosta de ouro...
Para finalizar, a pergunta que vem sendo feita ao longo dos anos, mas que não encontra uma resposta definitiva: "Qual pena é melhor, de ouro ou de aço inoxidável?"... Boa pergunta!!! É mais ou menos como perguntar: "Quem é melhor, Corinthians ou Palmeiras?"... Aqui vai a MINHA opinião: CORINTHIANS!!!!!!!!!!!!!!!!! Ah... Vocês querem saber qual é a minha opinião em relação a material de pena... Tenho canetas (a maioria) com pena em aço inoxidável e canetas com pena de ouro. Pessoalmente, prefiro penas de BAIXA elasticidade. Para quem quer arriscar vôos como calígrafo, caneta tinteiro, NÃO É A MELHOR OPÇÃO. Nesse aspecto, elasticidade não é o objetivo final e sim uma característica importante apenas. Pessoalmente, prefiro penas de aço inoxidável.
Já vi muitos "especialistas" afirmarem que só as penas de ouro são boas. Não assino embaixo dessa opinião e chego a considerá-la como uma opinião de absoluta estupidez. Pena boa, é aquela que não arranha em NENHUMA posição e consegue ser macia na MAIORIA das posições. No ranking das minhas canetas, as penas de ouro vão aparecer lá pelo oitavo lugar...
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